Na passada sexta-feira, dia 2, a Câmara Municipal de Lisboa, através dos vereadores Nunes da Silva e Sá Fernandes, organizou nos Paços do Concelho uma sessão pública de apresentação do último plano do projecto de requalificação do eixo Rovisco Pais – Duque de Ávila – Marquês da Fronteira, que inclui alterações de trânsito e de circulação de autocarros em vários arruamentos circundantes a estas artérias, como é o caso das avenidas João Crisóstomo, Miguel Bombarda e Alameda Cardeal Cerejeira, entre outras.
Além dos referidos vereadores e de vários técnicos municipais que fizeram a apresentação, estiveram presentes diversos moradores, comerciantes, autarcas e ex autarcas das Freguesia abrangidas por este plano.
Destes últimos não posso deixar de referir a presença do Presidente e da Secretária da Junta de Freguesia de São Sebastião da Pedreira e de um membro eleito pelo PS da mesma Assembleia de Freguesia, do Presidente da Junta de Freguesia de São João de Deus, do vogal do CDS da Junta de Freguesia de Nossa Senhora de Fátima e de um membro eleito pelo PS da Assembleia de Freguesia de Nossa Senhora de Fátima.
Desta apresentação, considero ser de reter os seguintes pontos principais:
- A previsão de estacionamento nas Avenidas Rovisco Pais e Duque de Ávila, novidade em relação ao projecto de que tivemos conhecimento há cerca de um ano atrás;
- A transformação da Avenida João Crisóstomo em via com dois sentidos, reservadas a transportes públicos e residentes.
Sendo a Freguesia de Nossa Senhora de Fátima a mais afectada quer pelas obras do metropolitano, quer pelas várias alterações propostas, não posso deixar de lamentar aqui a atitude de passividade da respectiva Junta de Freguesia, particularmente da sua Presidente que mais uma vez primou pela ausência e não se fazendo representar, numa reunião da máxima importância para a nossa Freguesia.
Se não vejamos. Nas últimas reuniões públicas do executivo da freguesia de Nossa Senhora de Fátima, realizadas nos dias 31 de Maio e 28 de Junho, bem como na Assembleia de Freguesia de 30 de Junho, foi de forma muito clara dito pela Senhora Presidente da Junta que nada sabia sobre o que se passava ou iria passar na Avenida Duque de Ávila, afirmando ainda desconhecer os projectos sobre a circulação dos transportes públicos.
Esta posição de total ignorância foi reiterada pelo Senhor Secretário da Junta que afirmou ainda que tudo aquilo de que tinham conhecimento sobre esse assunto partilhavam com os seus fregueses, razão pela qual tinham colocado na última revista da Junta de Freguesia uma planta do projecto da Duque de Ávila, pois era tudo aquilo de que tinham conhecimento.
Qual não foi o meu espanto quando ouvi o Senhor Vereador Nunes da Silva referir que, não só as quatro Juntas de Freguesia abrangidas por este projecto tinham tomado conhecimento do mesmo em duas reuniões, como lhes tinha sido dada a possibilidade de apresentar sugestões ou propostas alternativas às apresentadas. Pelo que foi dito, tais reuniões ter-se-ão realizado em Março e Abril de 2010, nas quais a Junta de Freguesia de Nossa Senhora de Fátima se fez representar na primeira pela sua Presidente e na segunda pelo Senhor Secretário.
Devo referir que por ter ficado com dúvidas, resolvi interpelar os Senhores Vereadores no sentido de confirmar a presença da Junta de Nossa Senhora de Fátima nessas reuniões, o que foi confirmado pelo senhor vereador Nunes da Silva.
Já no final da reunião e em conversa com os Senhores Presidentes de São João de Deus e São Sebastião da Pedreira tive oportunidade de obter igual confirmação, assim como a confirmação de que o projecto agora apresentado corresponde no essencial ao que lhes tinha sido apresentado e discutido nessas reuniões.
Esta atitude da Senhora Presidente da Junta de Freguesia de Nossa Senhora de Fátima, de deixar na ignorância quer a população em geral, quer os autarcas da Freguesia é lamentável, tornando-se urgente que a população e os comerciantes sejam informados do projecto e do impacto que se prevê que o mesmo venha a ter nas suas vidas e no seu dia-a-dia.
Ora, se a Junta entende que nada deve fazer para informar os seus fregueses do futuro que os espera – o que permite concluir que concorda com o que a Câmara socialista nos quer impor – então porque não realizar uma Assembleia de Freguesia extraordinária à semelhança do que sucedeu em Fevereiro de 2009 aquando da questão do encerramento das esquadras da João Crisóstomo e do Rego, para que a população possa tomar conhecimento do que se vai passar e se possa manifestar.
E se sobre a Duque de Ávila tivemos oportunidade de ver planos concretos sobre o que vai aí ser feito, já sobre a João Crisóstomo nada nos foi mostrado, pelo que faz todo o sentido a audição e participação da população e dos autarcas de Nossa Senhora de Fátima, enquanto é tempo.
À Senhora Presidente de Junta, apenas lhe peço que acorde para a realidade do que se passa na nossa Freguesia e aja! Deixe de andar atrás dos outros, a reboque daquilo que sai nos órgãos de comunicação social e das iniciativas dos outros Presidentes de Juntas e tome a iniciativa de liderar verdadeiramente a contestação a um projecto, do qual a Freguesia mais afectada é precisamente a de Nossa Senhora de Fátima.
Se acha que não tem competência para tal ou não se sente à vontade para tomar tal posição, delegue num dos membros do seu executivo tal tarefa. Sempre é melhor do que não fazer nada ou como é seu apanágio falar sobre tudo e mais alguma coisa e não dizer nada sobre aquilo que está em causa.
E neste caso está em causa o bem-estar de uma parte da população da Freguesia de Nossa Senhora de Fátima, que durante estes anos sofreu em silêncio com estas obras, mas que neste momento, mais de um ano depois da inauguração das novas estações do metro, continua a ver tudo parado, toma conhecimento de projectos pelos órgãos de comunicação social. E isto sem esquecer os comerciantes, que muitos prejuízos tiveram e têm e não vêem na Junta um parceiro que os apoie e os ajude.
Espero nos próximos dias poder disponibilizar o projecto que nos foi apresentado na passada sexta-feira, bem como outras informações que julgo serem do interesse de todos no esclarecimento do que se passa sobre esta zona da nossa Cidade.