quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Moradores das Avenidas Novas criticam alterações de trânsito e exigem explicações

In Público, 29 de Setembro de 2011
por Inês Boaventura
As obras para que a Avenida João Crisóstomo e a Rua D. Filipa de Vilhena passem a ter dois sentidos já estão em marcha em Lisboa 

Um grupo de moradores da Avenida João Crisóstomo e da Rua Dona Filipa de Vilhena está contra as alterações de trânsito que a Câmara de Lisboa quer introduzir nestas artérias. 

Esta noite os críticos do projecto vão levar os seus protestos às assembleias de freguesia de Nossa Senhora de Fátima e de São João de Deus. 

A mais criticada dessas alterações é o reperfilamento de ambas as ruas, para que em vez de um sentido de circulação passem a ter dois. As obras já começaram e, segundo afirma o vereador da Mobilidade numa explicação enviada às juntas de freguesia, "inserem-se no novo esquema de circulação a implementar entre Campolide e a Alameda D. Afonso Henriques, no seguimento das alterações introduzidas no Bairro Azul e na Avenida Duque de Ávila". 

Nesse documento, o vereador Fernando Nunes da Silva elenca os objectivos da intervenção: retirar o tráfego de atravessamento das ruas, qualificar o espaço público, aumentar a segurança da circulação e aumentar a oferta de estacionamento. 

"Temos a certeza que, no final, os residentes e os utilizadores da zona saberão dar o devido valor às mudanças que estão em curso", conclui o autarca. 

Mas, pelo menos até agora, as explicações da Câmara de Lisboa não convenceram os residentes da área afectada. "Se nos for bem explicado que esta é uma solução necessária e correcta os moradores aceitarão. O problema é que nós não sabemos nada e o comunicado do vereador esconde mais do que diz", afirma Paulo Lopes, um dos promotores do protesto, denunciando a existência de várias "contradições" neste processo. 

Este ex-morador da Av. João Crisóstomo não percebe por exemplo como é que a introdução de dois sentidos de trânsito e o desvio para esta artéria dos autocarros que hoje circulam nas ruas vizinhas é compatível com os objectivos enunciados por Nunes da Silva. Até porque, diz Paulo Lopes, os autocarros não só terão de circular "aos esses", como em pelo menos um trecho da avenida será impossível que se cruzem dois veículos. 

Os críticos também estão preocupados com o futuro das árvores existentes, com uma eventual diminuição dos lugares de estacionamento, com a forma como será feita a circulação de veículos pesados, bem como com um possível aumento do ruído e das emissões poluentes. 

Não são só os moradores que não estão convencidos dos benefícios desta intervenção nas Avenidas Novas. Há duas semanas o CDS apresentou, na assembleia municipal, uma recomendação exigindo à câmara que apresente os estudos técnicos que fundamentam estas alterações viárias e apelando à suspensão das obras. A recomendação teve o voto favorável de todos os partidos e a abstenção de quatro deputados dos Cidadãos por Lisboa, movimento ao qual pertence o vereador da Mobilidade.  

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