Via "Comunicação Integrada" 1-03-2012
As recentes declarações
do Secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, que em entrevista à TVI, afirmou que "do ponto de vista teórico, a ortografia é uma coisa artificial.
Portanto, podemos mudá-la. Até 2015 podemos corrigi-la, temos essa possibilidade
e vamos usá-la. Nós temos que aperfeiçoar o que há para aperfeiçoar. Temos três
anos para o fazer", é mais um sinal que o Acordo Ortográfico tem os seus
dias contados.
No blog
"Comunicação Integrada", Luís Paulo Rodrigues, escreveu recentemente,
que «Ao ter anunciado que o Governo vai mudar o Acordo Ortográfico até 2015 e
que cada português pode escrever como quiser, o secretário de Estado da
Cultura, Francisco José Viegas, acaba de matar, e bem, o famigerado acordo.
De facto, as regras de
escrita que, ao fim de anos e anos de estudos, nos tinham impingido por decreto
com o alegado objectivo de uniformizar a língua – como se em Portugal, no
Brasil ou em outros países de expressão portuguesa todos falassem da mesma
forma – não têm sentido nenhum. A diversidade é enriquecedora. Uma língua é
tanto mais rica quanto mais incorporar as diferenças dos seus falantes.
Basta ler o que escreve
António Guerreiro sobre a grafia dupla prevista no acordo ortográfico, num
trabalho analítico publicado no suplemento cultural "Actual", do
semanário "Expresso", de 25-02-2012, para perceber o que está em
causa: "A grafia dupla abrange três domínios: o das consoantes mudas, o da
acentuação gráfica e o da capitalização (o uso das maiúsculas). Como o critério
é o da pronúncia, temos os casos em que há a supressão obrigatória (ato,
seleção), os casos em que há a manutenção obrigatória (facto, dicção) e os
casos em que a supressão é facultativa (rece(p)ção, dece(p)ção), em que o
Acordo dito de unificação ortográfica conseguiu criar uma divergência onde ela
não havia."
Nos últimos tempos,
tinham vindo a público vários sinais contrários ao Acordo Ortográfico. Às
reservas colocadas na imprensa angolana, seguiu-se a desobediência
protagonizada por Vasco da Graça Moura, novo administrador do Centro Cultural
de Belém, ao anunciar que a instituição estatal iria comunicar segundo a antiga
ortografia. Graça Moura venceu, assim como todos aqueles que resistiram a uma
mudança estúpida – incluindo algumas publicações, designadamente os jornais “Público”
e “i”.
Já agora, o Governo
português deveria preocupar-se com casos de abuso das autoridades brasileiras,
que pedem aos portugueses a tradução dos documentos, como passaportes ou cartas
de condução. Como se os documentos de Portugal não estivessem escritos em
português (ver aqui).»
É inadmissível esta
atitude das autoridades brasileiras, que continuam a fazer crer que são donos
da língua Portuguesa, tentando impor-nos, a nós Portugueses, a maneira de eles
falarem e escreverem.
Como disse um dia José
Saramago, num debate televisivo, e em resposta a um participante brasileiro que
afirmava não perceber o nosso sotaque - "A língua é nossa o sotaque é
vosso". Cabe-nos a nós defender a nossa língua.
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