Não fosse a ortografia e diria que este texto era de hoje.
"Talvez que nenhuma Assembléa politica se tenha jámais reunido em circumstancias tão fifficeis para regular a Fazenda de uma Nação, ou para melhor dizer, para estatuir sobre a sua sorte; pois que Estados modernos, é dos negocios da Fazenda que dependem seus destinos.
Depois de um despotismo feroz e de um systema de destruição barbaramente seguido e executado; depois dos enormes sacrificios que foi preciso fazer para debella-lo, e em que perdemos grande parte da nossa riqueza; a Nação viu-se forçada a contrahir emprestimos no estrangeiro, e a gravar assim as gerações futuras, repartindo com ellas uma parte de nossos males.
Mas se estes sacrificios, que a necessidade já tem justificado terminassem com a Quéda da usurpação, facil nos seria repoararmos nossas perdas, porem o habito de despender largamente, entreteve o gosto pela dissipação, e na falta de meios proprios para satisfaze-la, teve-se recurso ao Credito, que se sustentava com o mesmo dinheiro dos emprestimos, e eis-no correndo de precipicio em precipicio, acima de todos os calculos; de que só pela imaginação se poderia antever o resultado. (...)
Todos desejariamos que o Orçamento fosse mais consolador, mas pelo que lhe falta desta parte, abunda em intenções: elle terá conseguido tudo quanto rasoavelmente se poderia esperar, se fizer narcer desde já alguma esperança, começando a suspender o passo acelarado em que marchavamos para a nossa ruina; esperando da acção reparadora do tempo e da ordem o restabelecimento da prosperidade nacional. Antes disso pedir ao Ministro, desprovido de meios, a reparação de todos os males públicos, e de todas as desgraças particulares, seria exigir mais do que nenhum governo, que nenhum Ministro, que nenhum systema pode dar no estado deploravel a que os acontecimentos nos tem reduzido. (...)
Palacio das Cortes, 29 de Fevereiro de 1836
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