Fonte "Observador 16-6-2016"
Quando o tema das sanções continua em cima da mesa, com adiamentos sucessivos de uma decisão, o relatório do conceituado Commerzbank de meados de Junho deste ano faz cada vez mais sentido.
Nele se afirma que "a inversão de marcha na política económica que o novo governo está a realizar ameaça os progressos que Portugal fez nos últimos anos“.
"O Commerzbank partilha com os seus clientes a preocupação com a “perda de competitividade“, algo que “tinha melhorado muito nos últimos anos”. O banco nota que os ganhos de competitividade dos últimos anos tinham permitido “às empresas portuguesas aumentar as suas quotas de mercado, aumentar as margens de lucro das empresas, dinamizar os seus investimentos e, portanto, foram decisivos para apoiar a recuperação sustentada dos últimos anos”.
“Agora, prevê-se que os custos unitários do trabalho voltem a subir de forma significativa nos próximos trimestres”, diz o Commerzbank. Isto porque, recordam os economistas, o salário mínimo foi aumentado em 5% no início do ano, com aumentos de mais 13% previstos para os próximos três anos. O banco assinala, ainda, outras medidas como as 35 horas na Função Pública, o regresso dos quatro feriados e a provável recuperação dos três dias de férias adicionais para quem não falta ao trabalho.
Em finais de outubro de 2014, o mesmo Commerzbank emitia uma nota semelhante a esta em que dizia que Portugal estava “a mostrar [aos outros países] qual é o caminho”. Mas já no início deste ano descrevia Portugal como “a nova criança problemática da zona euro“.
“A experiência anterior com tentativas similares, em outros países, torna pouco provável que este caminho resulte em sucesso“. “Existe, na realidade, um risco de que Portugal volte a sofrer um declínio económico"
“No melhor dos cenários, a economia parece caminhar para um crescimento de 1%, enquanto o governo baseia o seu orçamento num crescimento de 1,8%”, diz o Commerzbank. O cumprimento das metas acordadas com a Comissão Europeia parece “muito questionável”.
E estas são sem dúvida as questões que estão em cima da mesa, quando se fala em sanções da Comissão a Portugal, e não um julgamento do anterior governo, como a geringonça quer a todo o custo fazer querer.
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