Wolfgang MünchauDN 20-6-2016 |
Se se viver na Itália ou na Espanha, é fácil defender a União Europeia. Pode-se apontar simplesmente as muitas áreas de política comum, salientar uma pequena lista de conquistas e concluir por aí a argumentação.
(...) É mais difícil defender a causa pró-europeia em relação ao Reino Unido. Mas eu vou tentar. É difícil porque o país não participa na maioria das áreas políticas importantes da UE: o euro, o espaço Schengen, de livre circulação, justiça e assuntos internos e a Carta dos Direitos Fundamentais.
(...)Os vários países da União Europeia têm não só interesses comuns como também partilham valores. Mesmo no seu atual estado de desolação, a UE é um veículo mais poderoso para proteger e projetar globalmente esses valores do que os governos nacionais.
(...) Então se, tal como eu, se desconfiar dos muito exagerados e inverosímeis argumentos económicas apresentados pela campanha pela permanência, deve-se considerar uma linha alternativa de raciocínio: os nossos valores estão sob a ameaça de pessoas como o presidente russo, Vladimir Putin, Donald Trump se for eleito presidente dos Estados Unidos e fanáticos em todos os lugares.
(...) O argumento dos valores não pretende ter um sentido puramente defensivo. Não é apenas a proteção dos valores que importa, mas também a sua projeção global. A UE tem tido sucessos. A sua política em relação à vizinhança direta está longe de ser perfeita, mas a sua abordagem com o uso do poder de persuasão tem ajudado a transição democrática e o desenvolvimento económico em muitos países da Europa Central e de Leste.
(...) É uma pena que a campanha pela permanência tenha perdido tanto tempo concentrada nos benefícios económicos da adesão à UE. A UE é, naturalmente, uma construção económica. Mas fazer parte da UE não tem fundamentalmente que ver com economia. Tem que ver com o nosso modo de vida.
Sem comentários:
Enviar um comentário