Nem sempre concordei com o General Ramalho Eanes, nomeadamente nos anos 80, quando algumas das suas posições enquanto Presidente da República foram um forte obstaculo aos Governos da AD e a Sá Carneiro, ou quando fomentou a criação do PRD, a verdade é que Ramalho Eanes é uma das mais importantes figuras da nossa democracia, que com a sua determinante actuação no 25 de Novembro de 1975, veio colocar Portugal de forma definitiva no caminho da democracia, afastando-nos decisivamente de um regime comunista.
Nos últimos anos, apesar de manter uma presença discreta, a forma como tem intervido, sempre sereno e sem protagonismos, com "um sentido apurado do dever e do serviço à causa comum que, ao fim e ao cabo, é o fundamento da política (...) exemplo do que é e deve ser um político, aquele que serve a comunidade.”
Tudo isto faz com que seja escutado com atenção e que seja justamente reconhecido como uma figura charneira da nossa politica, respeitado por todos, ou quase todos, os quadrantes políticos, com excepção dos radicais esquerdistas, defensores do quanto pior melhor.
Tudo isto faz com que seja escutado com atenção e que seja justamente reconhecido como uma figura charneira da nossa politica, respeitado por todos, ou quase todos, os quadrantes políticos, com excepção dos radicais esquerdistas, defensores do quanto pior melhor.
Prova disso, foi a recente e merecida homenagem que lhe foi prestada e que juntou centenas de pessoas, com personalidades dos mais variados quadrantes políticos, que apesar de realizada há já quase um mês, não quero aqui deixar de a referir, por a considerar justíssima e oportuna.
No Expresso, João Lemos Ferreira, define muito bem o que faz de Ramalho Eanes uma figura impar nos tempos que correm em Portugal, "Em primeiro lugar, características pessoais únicas: esteve na Política para servir Portugal e não para se servir de Portugal, o que é um fenómeno raro nos tempos que correm. Em segundo lugar, Ramalho Eanes, ao contrário de outros ex-Presidentes, quando expressa opiniões sobre a actualidade política, fá-lo de forma descomprometida e não-alinhada com qualquer força político-partidária ou interesses económicos - diz o que pensa e o que genuinamente acredita ser o melhor para Portugal e para os Portugueses. Ao contrário de outros ex-Presidentes, que organizam comícios na Aula Magna para recuperar o protagonismo político sem o qual não conseguem viver e tentar escolher o líder do respectivo partido, Ramalho Eanes prefere a discrição, a palavra certeira, o discurso de valores, de conselho sábio e esperança no Futuro, reconhecendo que ele protagonizou o passado, é participante do nosso presente mas não poderá ser o futuro. Até esta humildade inspiradora, que outros ex-Presidentes são incapazes de ter, é verdadeiramente notável em Ramalho Eanes".
Como disse no inicio, nem sempre concordei com Ramalho Eanes, como quando em 1980 apoiei empenhadamente o General Soares Carneiro nas eleições Presidenciais, mas reconheço hoje que manteve ao longo dos anos uma coerência na forma de estar na politica portuguesa, como poucos o conseguiram, fazendo com que se mantenha actual o seu slogan de campanha de 1976, muitos prometem... Eanes cumpre, defendendo sempre aquilo que em cada momento acreditava ser o melhor para Portugal e para os Portugueses, sem ceder a pressões, viessem elas da esquerda ou da direita.
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