Há 33 anos atrás, mais ou menos por esta hora, regressava a casa, quando na rua ouvi a noticia do "acidente" que vitimaria Sá Carneiro. De imediato dirigi-me para a Sede Nacional da Candidatura do General Soares Carneiro, onde desde Agosto desse ano, dava o meu contributo na campanha eleitoral.
Foi uma noite longa, durante a qual muita gente se dirigiu à Sede do General Soares Carneiro, para tentar saber mais pormenores do sucedido. Era o tempo em que o telex ainda nos dava as novidades, mesmo antes da televisão.
Desde cedo acompanhei, com o meu pai, a actividade do PPD e de Sá Carneiro. Recordo com saudade os comícios no Pavilhão dos Desportos e Campo Pequeno, onde com atenção mas muito entusiasmo, próprio da juventude, ouvia as intervenções de Sá Carneiro. Tempos inesquecíveis, onde a batalha politica, colocava indubitavelmente Portugal em primeiro lugar. Tempos em que, na política, fiz amigos que perduram até hoje.
Fui um dos muitos portugueses que acompanhou o funeral pelas ruas de Lisboa até ao Alto de São João, onde era já bem audível que tinha sido um atentado e não um qualquer acidente.
Depois do muito que li, das conclusões das diversas comissões de inquérito parlamentares, e apesar das teses em sentido contrário (se bem que cada vez menos), sou daqueles que não tenho hoje, como nunca tive, dúvidas de que Sá Carneiro foi vitima de um atentado, sobre o qual não houve até hoje a coragem de ser devidamente investigado.
Naquela noite de 4 de Dezembro de 1980, senti que o futuro de Portugal iria sofrer uma mudança de rumo e que a forma como Sá Carneiro nos ensinou a encarar a política, com risco mas sempre com ética*, nunca mais seria a mesma. E infelizmente nunca mais foi.
“Saber estar e romper a tempo, correr os riscos da adesão e da renúncia,
pôr a sinceridade das posições acima dos jogos pessoais – isso é a Política que
vale a pena viver” Esta é a política em que continuo a acreditar e a forma como desde sempre estive e continuo a estar na política.
*A Política sem risco é uma chatice...Mas sem Ética e uma vergonha!
Sem comentários:
Enviar um comentário