Nas eleições que decorreram ontem no PSD para eleição do Presidente do
Partido, Pedro Passos Coelho foi reeleito, como se esperava, com 95,5% dos votos.
No entanto, esta vitória foi obtida com uma participação relativamente
baixa dos militantes. Votaram menos de 20.000 militantes.
Na Secção de Lisboa (a maior do país) votaram apenas 716 militantes, de um
caderno eleitoral que tinha 3751 militantes, com capacidade para votarem, o que
representa uma participação eleitoral de apenas 19,09%!
Em Novembro passado, nas eleições para a Comissão Politica Distrital e para
os Delegados à Assembleia Distrital, votaram 1645 militantes. Em menos de 4
meses, votaram menos 929 militantes! Ou seja votaram menos 56,5% dos
militantes!
Este é um dado preocupante, que revela um claro afastamento dos militantes
do Partido e da sua actividade e que deve ser merecedor de uma profunda
reflexão
Numa altura em que estamos às portas de um Congresso, em que serão
apresentadas e votadas propostas de revisão estatutárias, devem ser criadas
soluções que estatutariamente permitam que mais militantes participem
activamente nos destinos do partido, impedindo que, como se ouve cada vez mais,
sejam sempre os mesmos a ocupar os lugares.
É também importante criar mecanismos que obriguem à informação dos
militantes. Não pode voltar a acontecer um acto eleitoral, com a importância do
que decorreu ontem sem o envio de uma convocatória aos militantes (o
que aconteceue pelo menos em Lisboa). É preciso termos a consciência que uma
faixa muito grande dos nossos militantes não tem acesso ou não utiliza as novas
tecnologia e que muitos dos endereços de e-mail que constam das listagens de
militantes estão desactualizados.
Tive oportunidade de contactar alguns militantes nos 2 ou 3 dias que
antecederam o acto eleitoral e a maior parte deles não sabia que ia haver
eleições. Isto não pode continuar a acontecer.
Por outro lado, pelo menos em Lisboa, o debate politico praticamente
acabou. Não houve no último ano uma única Assembleia Concelhia em Lisboa
(excluindo as que, como ontem, foram exclusivamente eleitorais). A
transformação das próprias Assembleias Distritais, em sessões de
esclarecimento, com a presença de membros do governo e outros convidados, e que
são sem dúvida importantes, não podem servir de pretexto para a
não existência de verdadeiras Assembleias Distritais, que permitam o
debate sobre a situação política e autárquica do Distrito.
Com este tipo de actuações estamos a esvaziar o Partido daquilo que de mais
precioso tem – a sua massa critica, os seus militantes.
A Concelhia de Lisboa tem vivido desde a sua eleição em Fevereiro do ano
passado, tempos demasiadamente tumultuosos, que levaram a uma total
estagnação desta estrutura, com um presidente da Comissão Politica totalmente
isolado dos seus pares e dos militantes, com várias demissões no seu seio e um
Presidente da Assembleia Concelhia desaparecido.
O aparecimento da Lista B de delegados ao XXXIV Congresso Nacional e que
ontem ganhou as eleiçoes em Lisboa, com 454 votos e 25 delegados eleitos,
espero que seja o começo de uma nova era em Lisboa, que traga a calma e a
serenidade que este Concelho precisa e merece.
Por outro lado, é bom que o ainda Presidente da Concelhia de Lisboa, que
patrocionou o aparecimento de uma lista, a P, que ficou em último lugar com
apenas 98 votos e 5 delegados eleitos, perceba de uma vez por todas que está a
mais neste Concelho e que não faz parte da solução para Lisboa, pois é nele que
reside o problema e que se demita rapidamente, para permitir a pacificação do
concelho.
Não posso deixar de referir a forma amadora como decorreu o acto eleitoral
ontem em Lisboa. Desde a inexistência dos boletins de votos, que provocou um
atraso de 30 minutos na abertura das urnas, a cadernos eleitorais com falta de
mais de dez páginas (na mesa 5, onde votei), à inexestencia de locais onde com
algum alguma reserva se pudesse assinalar o voto nos boletins - de tudo
aconteceu um pouco, o que em nada dignificou este acto eleitoral.
Também a escolha da sede do Campo Pequeno, num 3º andar sem elevador, não
foi de certeza uma escolha feliz. Infelizmente votaram poucos militantes. Mas
se tivesse havido uma afluência idêntica à de Novembro passado, teria
sido caótico.
Como congressista por Lisboa, eleito pela Lista B, não quero deixar
de agradecer a todos os que foram votar a sua participação neste acto
eleitoral e em particular àqueles que votaram na lista B.