sábado, 22 de outubro de 2011

Sabe quantos funcionários tem a sua Câmara Municipal?

In Jornal de Negócios, 17 de Agosto de 2011, por Bruno Simões
"As autarquias portuguesas dão trabalho a mais pessoas. Em 2008, a média de trabalhadores por mil habitantes era de 18,5. No final do ano passado, já era de 19,6. Veja aqui a infografia do Negócios para ficar a saber quantos funcionários trabalham na sua autarquia e nos restantes do país.

O concelho do Corvo, nos Açores, é o que tem um maior rácio de trabalhadores por habitante. Com 40 funcionários para 430 pessoas, quase um em cada dez corvenses trabalha na câmara municipal local. Nos últimos três anos, o pequeno município até conseguiu reduzir quatro funcionários, mas a média de 93 funcionários por mil habitantes consolida o primeiro lugar.

No extremo oposto está Esposende, que, em três anos, passou para o primeiro lugar da tabela, com uma média de 4,8 funcionários por cada mil habitantes."

Veja aqui a infografia referente a final de 2013

2 comentários:

Unknown disse...

Interessante o infográfico. No entanto, devemos observar o seguinte: em municípios que tenham pouca ou nenhuma capacidade para captação de empresas que gerem empregos, é natural que as câmaras tentem suprir essa falta.

Manuel João disse...

Não concordo que seja natural que as Câmaras supram essa falta. A ser assim, caminham para o abismo. Existem mecanismos de distribuição e de transferência de riqueza em economia e são esses que devem ser usados.
Agora, também considero que os casos não são todos iguais. Há Concelhos sem dimensão económica crítica para terem acesso a sinergias internas, o que leva a ter mais alguns funcionários do que o normal.
Resta saber se o que resta face ao equilíbrio é responsabilidade estrutural e intrínseca do Concelho e/ou é resultado de actividades perniciosas, como as frequentes notícias que nos chegam das Câmaras nos levam a considerar.
Tenho para mim que há muitas Câmaras sobretudo nesta última situação.
Mas, apesar de algumas "desculpas" serem comuns, cada Câmara é um caso, ainda que possam ser agrupadas em algumas tipologias.
Por exemplo, o caso de Lisboa é sintomático. Para além do aprofundamento efectuado sobretudo quer pelo PSD, quer pelo PS e PCP, nas entradas dos seus quadros, e não só, para a CML, há efeitos estruturais históricos importantes.
No passado, a entrada de funcionários para a CML fazia-se sobretudo (ainda hoje é substancial) através da higiene pública. Ora, depois de entrarem para a higiene pública, foi e é natural que esses funcionários aspirassem a funções melhor remuneradas e com melhores condições de trabalho. Muitos após algum esforço de formação extra (embora não só...) passaram para a carreira Administrativa na CML que no passado necessitou de um número elevadíssimo de técnicos administrativos só para "movimentar" a informação necessária à máquina burocrática da CML.
Com os desenvolvimentos, quer da tecnologia, quer das novas formas de organização de trabalho, existem hoje um número elevadíssimo de funcionários administrativos na CML, que apesar de terem capacidades, não são de todo necessários ao funcionamento regular da CML.
Nos dias de hoje, um técnico da CML (Superior ou profissionalizado, tanto faz) faz ele próprio as suas diligências, ofícios e contactos com todas as partes, necessários para a prossecução do seu trabalho na Câmara. Onde antes eram necessários 10 Administrativos, hoje 1 é mais do que suficiente e é muita vezes supérfluo.
E, apesar da formação intensiva dada pela CML a estes administrativos, sobretudo nas novas tecnologias, eles continuam a não ser substitutos dos técnicos que a CML necessita e, salvo raras e muito honrosas excepções, não se podem converter nestes e nas suas qualificações.
Existem talvez cerca de 2 a 3 mil funcionários administrativos e indiferenciados a mais na Câmara de Lisboa. Mas o que fazer com eles? É uma tragédia humana à espera da reforma...

MJB