Ia atrever-me a escrever que já tudo foi dito, acerca das negociações Grécia-UE-Grécia, mas como ainda faltam alguns episódios para terminar a novela... aguardemos.
Quedo-me, portanto, por emitir a minha opinião sobra a "grande vitória" conseguida pelo extremista Syriza. Uma "vitória" já devidamente festejada por Varoufakis, por Tsipras e por uns milhares de cidadãos gregos que, lá como cá, seguem o velho refrão do "quanto pior, melhor..."
António Costa (o tal que exultou com a vitória da extrema esquerda helénica - não a antiga Grécia, mas a actual - para no fim da mesma semana mudar de agulha) foi um deles, logo acompanhado, obviamente, pelo "Berloque", pelo PCP (bastante mais comedido, apesar de tudo), pelos "comentadeiros" e "comentadeiras" habituais, por movimentos até hoje desconhecidos em Portugal (como o IAC) e, naturalmente, pelos também habituais e previsíveis jornalistas que seguem a máxima acima referida.
Mas qual vitória, qual carapuça?, digo eu!
Para quem esteve atento, ficou claro que, do programa apresentado pelo Syriza pouco ou nada resta, tantos foram os já esperados recuos. Acaso pensavam que, um país cuja dívida ascende a uns "escassos" 175% do PIB, chegava a Bruxelas e impunha as suas condições puras e duras?
Só quem acredita mesmo em "histórias para crianças"...
O arremedo de acordo não irá solucionar nada e o povo grego continuará a sentir na pele, dentro em breve de forma reforçada, as dificuldades que governos anteriores lhes legaram e o Syriza também não resolverá.
Como é que existe quem considere uma vitória da Grécia (leia-se Syriza), quando o que na realidade aconteceu foi que o Syriza perdeu 18-1?
Como é que existe quem considere uma vitória da Grécia (leia-se Syriza), quando a verdade está em que os seis meses pedidos pelo Syriza se transformaram em quatro, quando o pedido de perdão da dívida para metade (sim, metade) não aconteceu, quando o memorando detestado pelo Syriza alterou apenas a designação para "actual acordo", quando a recusa em continuar a dialogar com a Troika acaba por ser um diálogo com as mesmas entidades, agora designadas por "instituições"?
E, note-se que essas ditas "instituições" e o próprio Eurogrupo ainda não decidiram definitivamente se libertam ou não mais dinheiro para a Grécia!
Que raio de "vitória" é essa, que (além de encurtar prazos de seis para quatro meses), ainda "obriga" o governo grego (leia-se Syriza) a submeter antecipadamente às "instituições" toda e qualquer medida que queira vir a tomar, mantendo praticamente todas as medidas de austeridade a que estava sujeito?
E, para não me alongar mais (dado o adiantado da hora), bom seria que António Costa (ex-presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Sim, ex-presidente, pois a vidinha agora é de permanente campanha) e os demais defensores fizessem, eles sim e não o governo português, um "mea culpa", por terem tido a veleidade de lançarem diariamente inverdades para a opinião pública, quando o próprio país que dizem defender e que se chama PORTUGAL é um dos credores que "está a arder" com 1,2 mi milhões de euros. Heroicamente, perdoamos a dívida e pedimos aos portugueses para apertarem ainda mais o cinto que, pouco a pouco, começam a desapertar?
Grandes patriotas, sim senhores... mas com o dinheiro dos outros, como sempre!
Espero bem que os eleitores portugueses não esqueçam esses "mãos largas", no próximo acto eleitoral.
Há pouco, no "Económico", podia ler-se: "Repetimos, agora mais alto: nada está garantido. Sem lista aprovada pela troika, nós, o Eurogrupo, não aprovamos o envio do dinheiro da tranche, nem o repatriamento de lucros do Banco Central Europeu com obrigações gregas."
Vitória? Só se for de Pirro, é o que é...
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