sábado, 21 de fevereiro de 2015

Segunda-feira saberemos se há ou não acordo com a Grécia

Desta vez até estou de acordou com António Costa, quando afirma que com o principio de acordo ontem alcançado no Eurogrupo com a Grécia,  prevaleceu o "bom senso" e não a "linha suicidária". Mas apenas nisto, pois António Costa não percebeu ainda que a Grécia está cada vez mais isolada, que não teve nenhum dos outros 18 países do seu lado, e que o TPC que Varoufakis levou para Atenas, para apresentar na segunda-feira à troika, desculpem às instituições (a troika já acabou), é a chave para o prolongamento do programa por 4 meses ( e não de 6, como pretendiam). Ou seja, ainda está tudo em aberto. 

Mas não deixa de ser curiosa, para não dizer mesmo ridícula, as afirmações de António Costa, Rui Tavares e outros ex-bloquistas, ex-Livres, ex-qualquer coisa brevemente, que na sua ânsia de criticarem e tentarem fazer querer que Portugal está isolado na Europa no que concerne ao problema e radicalismo grego, tudo fazem para desacreditarem Portugal e fazerem querer que quem saiu vitorioso nestas negociações, conseguindo tudo o que queria e prometeu, foi a Grécia, quando foi precisamente o oposto que aconteceu. "A Grécia teve de ceder em quase tudo. De tal forma que pouco sobra das principais bandeiras eleitorais do Syriza. Porque a realidade é a realidade. E porque, ao negociar, a arrogância é má conselheira"*

Na prática e por muito que queiram fazer outras leituras, o que o Syriza conseguiu, além da mudança do nome da troika e do programa de resgate, foram 72 horas para mostrar o que é capaz de propor ao Eurogrupo, para conseguir o balão de oxigénio que são estes 4 meses de prolongamento. Ou seja, quais são as medidas de austeridade que vai propor, para cumprir com os compromissos anteriormente assumidos.

De tudo isto se conclui que, ou o comunicado oficial que saiu da reunião do Eurogrupo de ontem foi mal traduzido para o António Costa e a nova esquerda caviar, ou deram-lhes outra coisa qualquer a ler, pois é muito claro no comunicado que "The Greek authorities reiterate their unequivocal commitment to honour their financial obligations to all their creditors fully and timely". Por outras palavras, meteram o programa eleitoral na gaveta e perceberam que têm de deixar o folclore e começarem a trabalhar.


Mas só segunda-feira ficaremos a saber se o bom senso vai prevalecer e as propostas que a Grécia vai apresentar (a auto-austeridade em vez da imposta pela troika) é aceite pelas instituições (a antiga troika), ou se a Grécia vai preferir a linha suicidária, em que tem insistido e tudo voltará à estaca zero.

*"Futuro da Grécia: As entradas de leão, e a saída de sendeiro, do Syriza", artigo de José Manuel Fernandes no Obervador, que faz uma análise, de forma objectiva, do que foram estas primeiras semanas do novo governo grego.

Sem comentários: