terça-feira, 14 de julho de 2015

E agora PS, o que é que querem para Portugal?


Afinal o PS e António Costa vêem agora congratularem-se com aquilo a que se sempre se opuseram: um acordo que impõe medidas de austeridade muito mais drásticas do que aquelas que os gregos recusaram por expressiva maioria (61%) a 5 de Julho. Mas este acordo vai levar a Grécia a um 3º resgate internacional, algo que verdade seja dita o PS sempre defendeu para Portugal, que poderá atingir os 86 mil milhões de euro, superior ao que Portugal se viu obrigado a assinar em 2011 (78 mil milhões de euro), era o PS governo.

Percebem-se agora de forma claríssima as palavras de António Costa, quando afirmou que a "Vitória do Syriza é um sinal de mudança que dá força para seguir a mesma linha". Ou seja, o que o PS e António Costa desejam é que Portugal se veja na contingencia de pedir mais um resgate internacional, voltarmos a ter a troika em Portugal, a dizer o que temos que fazer e principalmente o regresso de mais e mais dura austeridade, numa altura em que as contas do país mostram claros sinais de que vamos no caminho certo e que os sacrifícios pedidos aos portugueses ajudaram Portugal a sair de uma situação de quase bancarrota, em que os socialistas deixaram o país em 2011.

Mais, o PS continua a lidar mal com o sucesso de Portugal e dos portugueses. Depois de passar meses a afirmar que o governo português estava na linha da frente no ataque à Grécia e que era um dos principais países (se não mesmo o principal) que impedia que não se tivesse chegado mais cedo a um acordo, isolando o país na cena politica europeia, o PS não conseguiu ainda digerir que Portugal e Pedro Passos Coelho tiveram não só uma intervenção positiva, que permitiu chegar ao acordo agora alcançado, mas que tal participação foi sempre feita em total sintonia com a maioria dos parceiros europeus, não tendo estado, nem estando, Portugal isolado em algum momento.

A este propósito Ricardo Costa (irmão do outro que quer ser primeiro ministro e conhecido por não ser um simpatizante do actual governo português), resume nestes dois parágrafos de forma sucinta, mas esclarecedora, o papel de Portugal neste processo, atribuindo os louros a quem os merece e esclarecendo inequivocamente quem é que realmente sempre dificultou a obtenção deste acordo.

Mas, para a história do acordo, a proposta final teve, de facto, o contributo da delegação portuguesa. Este facto contradiz uma ideia feita, e bastante errada, que passou por colocar Portugal no pelotão da linha dura do Eurogrupo. Isso não é verdade. É certo que, numa primeira fase de conversas com a Grécia, quer Portugal quer, sobretudo, Espanha se opuseram a soluções fáceis, porque isso poria em causa as suas estratégias de ajustamento e de posicionamento eleitoral a meses de eleições nacionais. Mas é ainda mais certo que essas “soluções fáceis” nunca teriam o apoio da verdadeira linha dura do Eurogrupo.


Só quem não conhece bem as tensões políticas da Zona Euro é que podia achar que seriam Portugal ou Espanha a impedir um acordo com a Grécia. As dificuldades mais sérias sempre foram com a Alemanha, a Finlândia, a Holanda, os Estados Bálticos, a Áustria ou a Eslováquia.

Só falta agora o PS e António Costa, mas também Catarina Martins e os nossos syrizicos , virem de uma vez por todas esclarecer os portugueses se as condições do acordo agora conseguido por Alexis Tsipras, é ou não o caminho que defendem para Portugal, como têm vindo permanentemente insistindo.

Sem comentários: