Finalmente António Costa decidiu abandonar formalmente uma Câmara da qual há muitos meses tem estado ausente, em campanha eleitoral e depois de ter assumido já Fevereiro que a sua prioridade não passava por Lisboa.
Enfim, 4 anos depois António Costa põe em prática parte dos seus princípios de 2011: "Não é possível acumular a liderança do PS e a Presidência da Câmara Municipal de Lisboa".
Coincidência ou talvez não, parece que afinal o desastroso resultado eleitoral deste fim de semana na Madeira, sempre tem a leitura nacional, que os socialistas recusaram no domingo à noite. Mas também as pressões que os seus mais próximos vinham exercendo para que saísse da Presidência da CML, e a troca de acusações entre "seguristas" e "costistas" por causa da Madeira, reveladoras de um claro mal estar crescente entre os socialistas, terão certamente acelerado esta decisão.
A vaga de polémicas em que recentemente se viu envolvido e que envolveram Lisboa - cheias, transito na baixa, dívida, taxas, imobiliário - não terão também sido alheias a esta decisão, que iam deixando cada vez enfraquecida a sua presença na Câmara.
Mas se tivermos em conta que há apenas 2 meses, Fernando Medina, até agora Vice Presidente da Câmara, afirmava taxativamente que “Costa só deixará de ser presidente da Câmara Municipal de Lisboa quando for nomeado primeiro-ministro” e que "a gestão da Câmara e do partido tem-se mostrado totalmente compatível", fica a leve sensação de que, ou Fernando Medida é uma figura totalmente secundária sem conhecimento da estratégia socialista ou foi enganado, como os Lisboetas, por António Costa.
E se Lisboa até agora estava de facto sem Presidente, este desconhecimento do que se estava a passar mesmo ao seu lado por parte do nº 2 da Câmara, não augura nada de melhor para Lisboa, que precisa urgentemente de um Presidente com capacidade de liderança para colocar ordem na "casa". Fica a sensação de ficarmos "entregue aos miúdos".